segunda-feira, 15 de setembro de 2025

tenho prestado atenção em algumas coisas além da fumaça e do cinza espalhado por sob esse céu de estanho para não dizer de zinco entre um incêndio e outro o pantanal a Amazônia vão se esvaindo em chamas e a vida cada vez mais precária entre os animais humanos onde a ignorância a violência é o saber de muitos e a consciência crítica é o saber de poucos

 

Artur Gomes

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Artur Gomes – FULINAIMAGENS


ainda não disse que te amo mas não se assuste o beijo está guardado debaixo dos tecidos que cobrem o esqueleto à flor da pele na carne onde a palavra mora e a lavra aplaca qualquer ferida deixada por alguém que já foi embora

muitas coisas muitas vezes tão distantes me parecem tão presentes que o ausente evapora como éter eternamente simplesmente o rio escorrega por entre pedras e seixos e a vida segue o curso da corrente numa boa a pedra que rola sob o leito d´água muitas vezes voa

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O Homem Com A Flor Na Boca

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remix fulinaímico

                       suor & cio revisitado


a quem interessa o poema

na sala escura do cinema

o verso atravessado na garganta

nesse país que não levanta?

 

entre/aberto

em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha

 

na noite uma estrela

ainda brigava contra a escuridão

na rua sob patas

tombavam homens indefesos

e meus versos descarados

em teus lábios – presos

 

gigi em ouro preto

me deu um beijo na boca

quando ouviu

alguém cantando milton

ali em frente no porão

um país incendiado

e o poeta segue sempre

o seu destino em marginalha

o seu caminho em contra-mão

 

Artur Gomes

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Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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mitologia itabapoânica

 

itabapoana a pedra submersa nas águas de são francisco hoje  voa sobrevoa a lama da planície goytacá se desviando os fungos criados por fezes e urina de ratos e morcegos  que habitaram  páginas de livros antigos fora e dentro dos arquivos federika bezerra me conta que no período em que se hospedou no hotel amazonas recebeu informações de fontes misteriosas sobre o paradeiro dos tais ratos, morcegos e outros roedores  que surgira  dos esgotos da velha aldeia tupinambara quando seus integrantes passaram pela intrépida cidade

 

Gigi Mocidade

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Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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tudo aquilo que não digo

 

eu diria

tudo aquilo que não digo

não foi ainda pensado

triturado mastigado consumido

digo

:

preste mais atenção

em tudo aquilo que não digo

me dizia paulo leminski

olhando poema de kandinski

tatuado em meu umbigo

 

EuGênio Mallarmè

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tratado primeiro 

das letras quero tudo da palavra arranco gesto jiddu não me ensinou a mímica das metáforas ficou tudo suspenso cavalo solto no espaço pra quem quiser galopar

* 

laranja cósmica

em são francisco de itabapoana não tem laranja cravo poukan ou mexerica como meus intestinos não vivem  mais sem bagaço de laranja estou importando laranja do cosmo com minha astronômica luneta descobri fartura de laranjas em marte vênus plutão e o irônico é que em são francisco do itabapoana só tem laranjas nos telhados não tem laranjas no chão

 

Federico Baudelaire

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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*

couro cru & carne viva

adriano moura no prefácio de o homem com a flor na boca foca na obra do  “bardo da cacomanga”  sua poética política e memória. volto um pouco lá atrás ao ano de 1987, para dizer que na obra desse “trovador contemporâneo” sua liberdade criativa provoca, afronta regras, desconstrói linguagens. bota a carnavalha na cara da “louca  das minas”, que em seu surto delirante invade o palco da teatro francisco nunes em belo horizonte e grita que: “liberdade não é libertinagem”. sereno e imperativo o serAfim com a “flor na boca” contua a desfolhar sua bandeira no outro lado do palco na tela:

“no centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada  do meu peito varonil espanto todas estrelas dos beijos  do eternamente pra que acorde toda esta gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido sono profundo não vê que do outro mundo robôs que enrabam ó mãe gentil!

 

Engels  La Puente – do black ryver jardiNÓpolis Batatais

8 setembro – 2024

* 

 

geleia geral

poema para ser cantado/falado nos saraus dos bares por esse brazyl que a tantas eras explode pelos ares

 

“é preciso estar atento e forte

não temos tempo de temer a morte”

                          Caetano Veloso

 

Gilberto Gil cantou

:

começou a circular

o expresso 2 2 2

que parte direto de bonsucesso

pra depois

 

o tempo rei

aponta a flecha

estica a lança

o velho deus mu dança

 

subo nesse palco

minha alma cheira talco

como bumbum de bebê

 

o deus justiça

rola o lance

nos dados sempre seis

 

poesia não cai do céu

é blues rasgado da carne

para o branco do papel

 

com um grito de alerta

:

sou o punk da periferia

sou da freguesia do ó

       ó aqui pra vocês!

 

Artur Gomes

Itabapoana Pedra Pássaro Poema
 

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

    Mar de Letras Rio De Palavras 

                   quando tiro os panos

fico nu

o poema muda de cor

      tem outros planos

muda a flor

dos meus enganos

pássaro no ar

               feito  urubu 



mitologia fulinaimânica

 

explicitamente picasso nunca nos disse guernica o que signi-fica o  corpo do fonema aliterações alisam a orelha de van gog fartura farta fogo farra festa federico baudelaire tocando fado pras fadinhas de vênus falarem com a  fênix do farol de alexandria enquanto freud nem fode nem explica o que aconteceu na sexta feira no luau das laranjeiras depois que federika furtou a farinha do desejo de toda família do império das bananas no largo do machado infeliz  das oliveiras

 

Irina Serafina

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mitologia fulinaimânica 2

 

cubismo é um objeto estranho

encontrado por uma sereia

nos lençóis do maranhão

em noite d e lua cheia

teria vindo do mar

ou foi criado ali mesmo

naquele chão de areia

 

onde nenhum rabo de arraia

resistiu a ventania

não pense filme de terror

porque já tem gente por aí

dizendo que este samba é pra você

ó meu amor!

e que eu só escrevo putaria

 

Pastor de Andrade

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mitologia sagarânica

 

salvador alisa os bigodes de dali macabea ensandecida morre ali mesmo em sucupira no presídio federal de brazilírica porcina mete a língua na faca de lorca as unhas sujas de irina corta morangos mofados na fruteira  odorico ordena zeca diabo a organizar o enterro das camélias diadorim sopra o cano da garrucha  pendurada em seu olho esquerdo sagarânica em polvorosa comemora mais uma noite de são joão

 

EuGênio Mallarmè

In Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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mitologia sagarínica

 

macabea a rainha das artes cínicas insatisfeita  com o rumo dos canaviais  aliciara  presidiários a saltarem os muros do presídio federal de brazilírica  federico o carcereiro desconfiou da facada que levaria pelas costas mas o matuto astuto como era invocou nossa senhora das cabeças tortas e rezou uma ladainha com os caramurus dos serAfins convocando eros e vênus para o banquete pornolírico com as descendentes de olivácio e gigi remexendo seus colírios que trouxera atrás dos braços  deposita sua iansã  por sobre a mesa e despacha  macabea pro espaço

 

Federika Bezerra 


mitologia brazilianas

breton mastigava poemas de baudelaire no jantar da quinta da boa vista dois anos depois da independência d pedro não conseguiu engolir abapuru no quartel da realeza  leopoldina perambulava distraída e  preocupada com as cartas de bonifácio recebeu notícias que em pernambuco havia chegado um ser estranho pintado em cores assombrosas perturbava a calmaria daquele estado de incertezas para os caminhos da imperatriz uma sombra pairava sobre as  chaves do seu guarda-roupa sem saber ao menos com que roupa iria desfilar no dia de são cristóvão na confeitaria colombo a sua afrodite de vênus 

 

Federika Lispector 


mitologia serafínica

 

irina estava vestida de beatriz primeira posava para mais um clássico do surrealismo de magrite no quarto preparava a cama para a chegada de wermer a alta temperatura do verão de sorocaba alterou a  visão pictórica do pintor da menina dos brincos de pérola que no jardim enfiava o pincel por entre a espessa barba esperando a primavera lady gumes apressada como sempre se aproveitou da cama e vive uma calorosa noite de amor sem mesmo querer saber quem era a serafina debaixo dos lençóis maranhenses

 

Pastor de Andrade

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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Por Onde Andará Macunaíma?

o vôo
de Heras
EvoEros

enquanto espero

outras Eras

primasVeras nesse quase verão/inverno

que me tire desse purgatório

 nó da gravata

 quase mesmo inferno

nos abismos desse terno

recortado por Gamboa

mas não sou Pessoa

dessa pedra Itabira

esse pó quase me pira

muritiba muquirana

Itabapoana não me engana

Macunaína ainda vive

nas favelas de Copacabana

  

Federico Baudelaire

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Drummundana Itabirina

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essa dica não é minha

dia 11 de outubro

a Nação Goytacá

vai Balburdiar

na CasAmarÉlinha

 

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              jogo de dadaísta

não sou iluminista/nem pretender

eu quero o cravo e a rosa

cumer o verso e a prosa

devorar a lírica a métrica

a carne da musa

seja branca/negra

amar/ela vermelha verde

ou cafusa

eu sou do mato curupira carrapato

eu sou da febre sou dos ossos

sou da lira do delírio

e virgílio é o meu sócio

pernambuco amaralina

vida leve ou sempre/vida severina

sendo mulher ou só menina

que sendo santa prostituta

ou cafetina

devorar é minha sina

profanar é o meu negócio

 

Artur Gomes

Juras Secretas

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clique no link para v(l)er o vídeo filmado em Gargaú por Letícia Rcha com trilha sonora de Fil Buc

https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8&t=10s

No próximo vinte e dois deste setembro dois mil e vinte e cinco finco os olhos na tela do ArteCult.com para v(l)er por onde andará Macunaíma?, coluna assinada pelo “bardo da cacomanga”. E por onde andará Macunaíma? Pelo polo sul ou norte? Ainda andará nos traços a lápis de José César Castro, o fógrafo/desenhista que não é casto?  Talvez com um pouco de sorte nos encontremos com ele naquela preguiça boa, escre/vivendo/falando poesia pelo litoral de São Francisco onde Itabapoana agora é pedra que voa.

E atenção jovens de Campos dos Goytacazes e região, no dia 27 deste na Casa de Cultura Villa Maria, você tem um encontro marcado com o Encontro Literário – Jovens Em Movimento – estejam atentos estejam alertas - mexam-se leiam pois só o conhecimento liberta  

Artur Gomes (Campos dos Goytacazes-RJ, 1948) é poeta, ator, produtor cultural e vídeo maker, com mais de cinco décadas de intensa atuação nas artes. Criador de projetos que marcaram a cena literária e audiovisual brasileira, como o FestCampos de Poesia Falada e a Mostra Visual de Poesia Brasileira, Artur construiu uma trajetória que une poesia, performance e experimentação multimídia.

Em 2019, lançou o Sarau Balbúrdia PoÉtica, que se tornou um espaço vibrante de celebração da poesia falada e da performance, circulando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes. O projeto já realizou onze edições, incluindo participações em eventos de grande destaque, como a Bienal do Livro de Campos, e contou com apoio de instituições culturais e do portal ArteCult.com

Autor de mais de 15 livros publicados, entre eles Juras Secretas (2018), Pátria A(r)mada (2019, Prêmio Oswald de Andrade/UBE-Rio) e O Homem Com a Flor na Boca (2023), e Itabapoana Pedra Pássaro Poema (2025). Artur segue produzindo intensamente e difundindo a literatura contemporânea. Mantém o blog Nação Goytacá, https://arturgumes.blogspot.com/

 onde reúne a série TransPoÉticas – Coletânea de Poetas Vivos, reafirmando seu papel como articulador cultural e voz ativa da poesia brasileira.


Fulinaíma MultiProjetos

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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

o homem com a flor na boca

 

         A Traição das Metáforas

eram duas da madrugada de um ano qualquer na babel de alexandria federika lady querubim gigi  me chegou me disse o que nem sei exatamente o que e se era ela mesma quem eu via todas as noites em sonhos quando revisitava biútim pereira joia para saber das suas novas peripécias nos assombrados de araraquara da califórnia tupiniquim desde que de lapuente sumiu pelos acres para o nunca mais passar por aqui deixando uma legião de pescadores órfãos das suas quimeras no sentido de transformar jardinópolis na nossa bizâncio tropicanalista macabea nem em sonhos conseguia se desgarrar do presídio federal de brazilírica e começou a delirar com os caralhos voadores dependurados no ginásio de esportes para a encenação da ciranda do boi cósmico 

 O ator, produtor, videomaker e agitador cultural Artur Gomes acumula uma bagagem de 50 anos de carreira com prêmios nacionais e internacionais em teatro, música, literatura e artes gráficas. Gomes poderia se filiar na tradição literária dos chamados poetas malditos, como comumente e simplistamente nos referimos àqueles autores que constroem uma obra “rebelde” em face do que é aceito pela sociedade, vista como meio alienante que aprisiona os indivíduos em normas e regras. Tais autores rejeitam explicitamente regras e cânones. Rejeição que se manifesta-se também, com a recusa em pertencer a qualquer ideologia instituída. A desobediência, enquanto conceito moral exemplificado no mito de Antígona é uma das características de tais sensibilidades poéticas, que no Brasil já vem de longe com um Gregório de Mattos e ganhou impulso e seguidores com o famoso trio da “parafernália” rebelde: Verlaine, Baudelaire e Rimbaud.

      Já tivemos oportunidade de observar em outras obras do autor, que suas construções poéticas seguem sempre renovadas para cima em matéria de criatividade, elencando uma variada diversidade temática que aborda, sempre em perspectiva ousada e radical, desde o doce e suave sentido do amor, ao cruel da relação amorosa, flertando com o libidinoso, e questões existenciais que expressam indignação, desobediência e transgressão. É que, explica ele: “arde em mim / um rio / de palavras / corpo lavas erupção / mar de fogo / vulcão”.  Outra faceta do autor, digna de nota, é a criação de vários heterônimos como sejam Federico Baudelaire, EuGênio Mallarmè ou Gigi Mocidade, talvez a mais irreverente de todos, porque fala a bandeiras despregadas, sem papas na língua. “Muitas vezes a língua pulsa pula para o outro lado do muro outras vezes a língua pira punk nesses tempos obscuros às vezes a língua Dada vai rolando dados nesse jogo duro muitas vezes a língua dark jorra luz nas trevas desse templo escuro”. 

E aqui temos afinal, mais uma obra desse múltiplo e incansável poeta que caminha com uma flor na boca, símbolo universal de amor, de paz e beleza. A ele não importa verdadeiramente por quais meios: “se sou torto não importa / em cada porta risco um ponto / pra revelar os meus destroços / no alfabeto do desterro / a carnadura dos meus ossos”. É poética que, para além de perquirir as dores e delícias da condição humana em si, envereda pelo viés de nossa condição social sempre ultrajada. Encontramos um poema que nos pergunta: “quem se alimenta / dessa dor / desse horror / desse holocausto // desse país em ruínas / da exploração dessas minas / defloração desse cabaço // quem avaliza o des(governo / simboliza esse fracasso?”

Artur Gomes segue sua árdua caminhada, agora com o poderoso concurso da maturidade que lhe chega. Segue emprestando sua voz aos deserdados, aos desnutridos, aos que têm sede, aos que têm fome, ou aos que morrem assassinados nos guetos, nos campos, nas cidades por balas de fuzil, desse país que tarda em referendar a cidadania.

Krishnamurti Góes dos Anjos - Escritor e crítico literário.


31 janeiro 2010

era um domingo de sol rock and roll e poesia Irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou assim:

 

- vamos pra saideira

meu vampiro goytacá

canibal tupiniquim meu serafim

 

a saideira foi itacoatiara itaipu

 

engenho do mato dentro

engenho de dentro fora

quando penso que clara está vindo

irina já foi embora

 

na argamassa

do abstrato

no abstrato

do concreto

sou

um vampiro bêbado de sangue

que assassinou os alpharrábios

para inventar seu alphabeto

 

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Jura secreta 56

 ainda que fosse viagem

de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse

e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja

mesmo assim a vida seja
entre o que os pelos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo

inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora revisitada
naquela hora marcada
de tudo o que não fizemos

 

Artur  Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - Guaratinguetá-SP

2018

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                               Jura secreta 57

meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico prumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em prumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux- 2018

 

vampiro goytacá

canibal tupiniquim

             poesia muito prosa

viagens metafóricas por realidades reinventadas


 veraCidade

 

por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus dentes de concreto são paulo é quem me devora   selvagem devolvo a   dentada na carne da rua aurora

 

serAfim 1 -                  Artur Gomes

 

 para ademir assunção

um nome escrito no vento

 

não quero o sentido normal

da coisa como me aparenta

quero a realidade

exatamente como a gente inventa 

 

     no concreto do abstrato

na argamassa do concreto

sou

vampiro bêbado de sangue

assassinei os alfarrábios

para inventar meu alphabeto

tempo de poesia

para renata magliano

 

lancei o tempo

numa agulha da fresta

 

ainda bêbado de ontem

bebo as trina e cinco pausas

de uma mulher em chamas

que ainda não conheço

 

o tempo me dirá o endereço

como metáfora ou alquimia

 

e sendo drama ou festa

tempo de poesia

é o que nos resta

 

vamos comer mastigar chupar beber

devorar  deglutir cuspir escrever  xingar falar sobreviver  sobrevoar os telhados  de todos os fantasmas  goytacá  ancestrais  invadir os palácios de todos tupiniquins canibais  mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que preciso não quero perder o meu  juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz

 

 no lado esquerdo

do peito

o direito não conforta
nem comporta a estrada
que preciso

nu poema 

a porta
que se abre
a procura do inciso

31 janeiro 2010

era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou assim:

 - vamos pra saideira

meu vampiro goytacá

canibal tupiniquim meu serafim

a saideira foi itacoatiara itaipu

 

engenho do mato dentro

engenho de dentro fora

quando penso que clara está vindo

irina já foi embora 

o barro de alguns barracos  continuam entranhados na carne com seus  nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri trago a poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas  unhas vampiro  goytacá canibal  tupiniquim 

no  branco do papel deponho a faca a foice navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br

já fui do breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido na paulista  roubei poemas do piva para vender nas lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta da língua da memória

 quando  criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde no porão da casa onde aprendi a enxergar   clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro

 viraram espelhos para os meus numa madrugada  27 agosto  1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu 

quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha  a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista

 tem noites que a lua cheia me chega com sangue entre os dentes com aquele gosto de veneno escorrido das serpentes tem dias que as serpentes me chegam com gosto de lua cheia

a mulher dos sonhos me deixou de quatro a ver navios com pavio aceso essa palavra incendeia os poros pelos orifícios esse meu ofício de perfurar na carne o que não cabe in-verso nem por um segundo nem por um milímetro nesse acampamento logo depois da febre como marimbondo provo o teu veneno

quem me vê

assim

tão comportado

não sabe

o que se passa

aqui no centro

 

não sabe do vulcão

em erupção

nesse serTão

do mato dentro

 

  a traição das metáforas

                     para juliana stefani

 

dandara ainda mora

naquela beira  de estrada

com seu vestido amarelo

no rio grande do sul

mesmo que não esteja

ainda a vejo

atravessando a calçada

saindo do carro azul

abrindo o portão da casa

de 7 portas douradas

 com mil  garrafas de vinho

psicografadas na sala

por algum poeta dos pampas

que escreveu por aquelas rampas

o que testemunhou nos vinhedos

quando italianos chegaram

nas serras dos meus segredos


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27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

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Artur Fulinaimagens
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tenho prestado atenção em algumas coisas além da fumaça e do cinza espalhado por sob esse céu de estanho para não dizer de zinco entre um in...